A utilização do laser na cicatrização de feridas, ou seja no reparo tecidual da pele se dá principalmente pela ação aingiôgenica associada a atividade fibroblástica e de macrófagos.
Os Lasers são divididos em lasers de alta e baixa potência. Os primeiros são destinados à remoção, corte e coagulação de tecidos, enquanto que os lasers de baixa potência são utilizados em processos de reparação tecidual. Os principais efeitos gerados pelo laser de baixa potência nos tecidos tem natureza estimulatória, causando aumento do metabolismo celular, quimiotaxia e vascularização, etc. (LOPES e BRUGNERA, 1998).
O Laser de Baixa Potência (LBP) tem potência de radiação baixa(2 a 30 mW) e sua irradiação não vai além de poucos milímetros, sendo que sua energia é absorvida nos diferentes estratos da pele (GUIRRO e GUIRRO, 2004) e ação se dá principalmente nas organelas celulares, em especial nas mitocôndrias, lisossomas e membrana, gerando aumento de ATP e modificando o transporte iônico. Acredita-se que existe fotorreceptores celulares, sensíveis a determinados comprimentos de onda, que, ao absorverem fótons, desencadeiam reações químicas. Desta forma o LBP acelera, a curto prazo, a síntese de ATP (Glicólise e Oxidação Fosforilativa) e a longo prazo a transcrição e replicação do DNA. (KARU, 1987).
O laser pode ser composto de vários tipos de gases: CO2, Diodo Neodímio (Nd), Hélio Neônio (HeNe), Arseneto de Gálio (AsGa), arseneto-gálio-alumínio (AsGaAl), e arseneto-gálio-indio-fósforo(AlGaInP)(GUIRRO e GUIRRO,2004). Onde o de HeNe é o mais empregado na reparação tecidual . O laser é indicado como coadjuvante no tratamento tanto de feridas superficiais como profundas, podendo estarem limpas ou infectadas. O mesmo atenta para o forma como a lesão deve ser mantida: úmida como por exemplo, com ácido linoléico(ácido graxo essencial – AGE) e hidrogel, devendo mudar a cada doze a vinte e quatro horas o curativo ou em cada vez que for contaminado(CANDIDO,2006).
Para Amaral, Parizotto, Salvini(2001),o uso do laser HeNe com uma dosagem de 2,6 joules é mais eficiente na regeneração do tecido músculo esquelético.
Para Cândido(2006), Júnior et.al.(2006) e Karu(1987) são muitos os efeitos terapêuticos do laser de baixa intensidade dentre eles:
1. PROLIFERATIVO: aumenta a neo-angiogênese, síntese de fibroblastos, colágeno e ATP.
2. FIBRINOLÍTICO: facilita a fibrinólise.
3. ANTI-EDEMATOGÊNICO: facilita o retorno venoso linfático, em face a ação vasodilatadora dos capilares
4. ANTIINFLAMATÓRIO: interfere na síntese de prostaglandina, com isso aumenta a permeabilidade capilar
5. ANALGÉSICO: age na liberação de substâncias quimiotáxicas, que estimulam a liberação de endorfinas, normalizando o potencial elétrico da membrana celular
6. BACTERICIDA: aumenta a quantidade de interferon, potente agente bacteriano natural
TÉCNICAS DE APLICAÇÃO (CÂNDIDO,2006)
1. PONTUAL: aplicada em determinados pontos a borda da ferida
2. VARREDURA EXTERNA: é aplicada em toda a borda da ferida
3. VARREDURA INTERNA: é aplicada dentro da ferida.
4. VARREDURA MISTA: varredura externa+ varredura interna
5. ASSOCIADA: pontual+ varredura mista
CONCLUSÂO
A cicatrização depende de vários fatores, tais como: localidade, tipo de pele, raça, técnica cirúrgica utilizada, etc (JULIA et al.,1992).
Embora a resposta a cicatrização não aconteça de forma absoluta, a maioria dos trabalhos sobre reparo tecidual são com laser HeNe, e as respostas são significativas.
A terapia a laser de baixa intensidade é método aceito pela Food and Drug Administration (FDA) como tratamento clínico eficaz para cicatrização de tecidos ( JÚNIOR et al., 2006)
Já Schindl (1998) relatou que em pacientes diabéticos submetidos a irradiação de laser do tipo HeNe apresentaram aumento significativo da densidade volumétrica de capilares até o décimo quinto dia de tratamento. Para Tartarunas(1998) o Laser AsGa é mais indicado em situações onde há déficit vascular.
REFERÊNCIAS
AMARAL AC, PARIZOTTO NA, SALVINI TF. Dose-dependency of low-energy HeNe laser effect in regeneration of skeletal muscle in mice. Lasers Surg Med, V.16, P.44-51, 2001.
CANDIDO, C. L.Tratamento Clínico-Cirurgico de Feridas Cutâneas Agudas e Crônicas. Dez.2006, Santos- SP.
JULIA,V.; et al. Características de la cicatrización de las heridas en el periodo fetal. Cir Pediatr, V.5,n.3, P.117-121,1992.
JUNIOR, A. M. R.; et.al.. Modulação da proliferação fibroblástica e da resposta inflamatória pela terapia a laser de baixa intensidade no processo de reparo tecidual. An. Bras. Dermatol. v.81 n.2 Rio de Janeiro mar./abril, 2006.
KARU, T.I. Photobiological Fundamentals of Low Power Laser Therapy. IEEE Journal Quantum Electronics QE-23, V.10, p.1703-1717, 1987.
LOPES, L.A e BRUGNERA, A.J. Aplicações Clínicas do Laser não-Cirúrgico. Lasers na Odontologia Moderna. São Paulo: Pancast. p. 100-120, 1998.
TARTARUNAS AC, MATERA JM, DAGLI MLZ. Estudo clínico e anátomopatológico da cicatrização cutânea no gato doméstico: utilização do laser de baixa potência AsGa (904 nm). Acta Cir Bras 1998;13:86-93.